Hoje, olhamos os nossos Velhos, como um grande fardo…neste caso, simplesmente não sou exemplo para ninguém, se não por acção, logo por omissão…e nem sequer é o facto de sobre este assunto me estar a debruçar, que me torna diferente dos outros…sou, como todo e qualquer pessoa, um indivíduo vulgar (…e talvez por isso me possa dar a ares de diferente…).
Contudo, subjacente a este assunto, saltou-me á mente uma lembrança, uma adivinha que se punha ás crianças ( a toda a gente, antigamente..?? ),que era:
”QUAL O ANIMAL QUE NO PRINCIPIO DA VIDA ANDA COM 4 PERNAS, A MEIO E A MAIOR PARTE DA VIDA, ANDA COM 2 PERNAS, E NO FIM DA VIDA, ANDA COM 3 PERNAS?”
Todos sabemos, que falámos do ser humano, que em bebé gatinha, depois já se segura nas pernas propriamente ditas, e na velhice, andará apoiado numa bengala…
Todo este preambulo, para falar da velhice…que eu penso, com todo o vigor dos meus sentidos, deverem ser tratados como reis, príncipes (e rainhas, e princesas, claro..).
Esta fase da vida, deveria ser tratada como o começo de uma nova vida, com todas as particularidades (e generalidades), que esta fase implica, fazendo com que as pessoas que chegam aos 65 anos (que seria um excelente ponto de referencia a partir do qual…), sentissem, não chegados ao principio do fim, mas ao principio de uma nova fase.
Isto claramente quer dizer, que fosse quem fosse, rico ou pobre, feio ou bonito, homem ou mulher, baixo ou alto, preto ou branco ou azul ás riscas, TODOS TERIAM A PARTIR DAQUELA IDADE UMA BOA E REGALADA VIDA!
Sem qualquer tipo de subterfúgios, subtilezas, manhosices…nada. Todo o ser humano sabia que atingida a fase, a idade, em que a natureza de forma fria e bastante clara, faz sentir o quanto é importante a sua existência, em toda a vida, claro, mas nesta fase, com maior peso e preponderância…todo o ser humano sabia que estava protegido por algo, por alguém, que nas fases mais frágeis, o protegeria, o acompanharia e sempre com os melhores recursos existentes!!
Não pretendo tirar o lugar a Tomas More, nem penso que a ideia aqui expressa seja de forma alguma utópica. Bem pelo contrário. Exequível em todo o processo e projecto, seria uma lufada de ar fresquíssimo, ar bom para os pulmões…pensemos como nos sentiríamos com 30, 40, 50, 60 anos, sem termos de nos preocupar com a nossa merecida reforma, com a forma como então seremos olhados…já não como fardos que se arremessam para o lado, mas antes rodeados de todo o carinho e atenção!
Decididamente teríamos outra postura na vida profissional, na vida social, na solidariedade para com os outros…já não precisávamos de guardar para o dia de amanhã, pois o dia de amanhã manter-se-ia solarengo como o de hoje…já não precisaríamos de guardar aqueles conhecimentos para jogar como contrapartida quando nos quisessem empurrar borda fora.
Quem estas linhas tiver lido, tem a pairar já um problema na mente :”quem faz isso, com que dinheiro..?”
O Estado! Se eu tiver a certeza que vou ser bem tratado, importo-me de pagar quando posso, ou seja na minha vida activo-profissional…desconto muito e bem! Para que precisarei eu de muito dinheiro quando sou velho se não for bem tratado, se não tiver uma boa vida…afinal não é para isso que todos fazemos o pezinho de meia? Não é para depois de velhos pagar a quem nos trata?
O enorme problema que se põe hoje é que, o bom tratamento tem a proporção directa da boa porção de dinheiro que se têm, e se está disposto a dar em troca de…bom tratamento..
Vejamos ainda a “coisa” com olhos diria mais gulosos (e egoístas..).
Nos meios piscatórios, hoje, actualmente! É um privilégio, é um prestigio, ser chamado de Velho….pois esse tratamento implica a percepção de muito conhecimento, de muita experiência adquirida…Porque carga de água, com que autorização, e de quem, estamos todos nós a arrogarmo-nos no direito de deitarmos fora todo o enorme manancial de conhecimentos de todo o género que as pessoas com mais anos de vida têm???
…se alguém me explicar, talvez eu entenda, mas sobre este assunto, terá mesmo de ser uma explicação vagarosa….
…vão dando noticias…
